Museus e Acervos na (da) Escola: Memória, Patrimônio e Educação
Organizadoras: Zita Rosane Possamai (UFRGS) e Giani Rabelo (UNESC)
Os registros históricos da escola vêm recebendo, em vários países, crescente atenção
para sua preservação, investigação e valorização por educadores, investigadores e comunidade
escolar. Ao longo do tempo, iniciativas voltadas à salvaguarda de pequenos conjuntos de
documentos ou de objetos tridimensionais resultaram na organização de acervos e coleções
importantes, que, por sua vez, impulsionaram a criação de museus, memoriais e centros de
memória.
No Brasil, são aproximadamente 141 espaços museológicos nas (das) instituições
escolares mapeadas nas diferentes regiões do País, no âmbito do Projeto de Pesquisa Museus
Escolares no Brasil em Rede: articulação para a valorização do patrimônio histórico-
educativo, financiado pelo CNPq (Chamada Nº 09/2022) e coordenado pela Professora Drª Zita
Rosane Possamai (UFRGS). Além desses, diversas universidades abrigam museus, centros de
memória e documentação instalados nas universidades, além de grupos de pesquisa voltados a
esse domínio. Certamente, muitos outros acervos ainda carecem de mapeamento.
Nos acervos e espaços dedicados à memória da escola, encontram-se preservados
diversos artefatos, como mobiliário, equipamentos, cadernos, materiais didáticos, cartilhas,
livros, uniformes, flâmulas, troféus, diários de classe, entre muitos outros. Esses repertórios tem
permitido inúmeros estudos sobre materialidade escolar; ideias e práticas pedagógicas; sobre
os métodos de ensino, entre muitas outras possibilidades. Além disso, esses acervos se
materializam em exposições e ações educativas que ampliam a divulgam das memórias da
educação e da escola para além dos muros da instituição mantenedora. Nesse contexto, esses
acervos são potentes para a formação de futuros educadores, bem como para uma educação
para o patrimônio no sentido de sensibilizar para a historicidade da educação e da escola na
sociedade.
A aproximação com algumas dessas instituições demonstra que, não raras vezes, elas
transcendem as memórias restritas à escola e preservam coleções de botânica e zoologia
(oriundas de coletas da flora e da fauna brasileiras), mineralogia, arqueologia, etnologia, entre
outras. Isso ocorre, porque, além de sua função original como museu escolar voltado ao ensino,
esses espaços passaram a se consolidar como lócus de investigação científica para educadores
e pesquisadores. Desse modo, essas coleções, resultantes de décadas de pesquisa, também
contribuem para o conhecimento da biodiversidade do País, dos povos originários e do passado
arqueológico ou paleontológico brasileiro.