Resumo
A pesquisa teve o objetivo de discutir a transformação das relações empregatícias na China a partir das mudanças institucionais, sociais e econômicas promovidas pelas graduais reformas, iniciadas ao final da década de 70. A hipótese lançada foi a da formação de um mercado de trabalho no país, onde até então os trabalhadores eram alocados por meio de um sistema centralizado. Inicialmente, foram debatidas características e contradições do que se entende por “mercado de trabalho”, com base nas principais escolas de pensamento econômico e no pensamento econômico chinês antigo. Em seguida, o processo de reformas foi abordado respeitando sua cronologia histórica. Ficou claro que o alastramento da propriedade privada dos meios de produção possibilitou a existência de relações entre empregadores e empregados, descentralizando a alocação de trabalhadores e permitindo a atuação de mecanismos de mercado. Diante dessa realidade, analisou-se como a transição para a economia de mercado afetou o acesso a bens e serviços básicos, anteriormente de responsabilidade do Estado e diretamente ligados ao emprego. Por fim, constatou-se que o novo ambiente aumentou a vulnerabilidade social, com o aparecimento de desemprego e informalidade nas grandes cidades chinesas e a imposição de novas pressões econômicas aos trabalhadores. Paralelamente, ocorreu significativo aumento da renda no país, sendo o dado mais marcante o acelerado avanço das condições de consumo das famílias. Diante da hipótese lançada, concluiu-se que as reformas econômicas e institucionais na China tiveram um impacto profundo e multifacetado no que tange ao emprego. Foi confirmada a formação de um mercado de trabalho no país, com as relações entre empregadores e empregados estabelecendo-se como fator primário para a alocação do trabalho. No entanto, ressalta-se a maneira particular com que o Estado chinês opera, sintetizada por duas abordagens: planejamento e providência. A primeira, possibilitada por instituições herdadas do período maoísta, confere ao Estado capacidade de interferência sobre decisões privadas quanto à utilização de trabalho, capital e terra. E a segunda, equiparável ao pensamento econômico chinês antigo, implementando políticas públicas para mitigar as contradições criadas pelo mercado.

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