Política externa e petróleo: análise da cooperação sino-Saudita

Resumo

O crescimento econômico chinês registrado nas últimas décadas teve como consequência o aumento significativo da demanda por fontes energéticas. Desde 1993, quando a China tornou-se importadora líquida de petróleo, a segurança energética tornou-se um ponto central na formulação da política externa chinesa (Corrêa, 2015). Uma das estratégias de Pequim para garantir o abastecimento energético são os investimentos em regiões produtoras de petróleo e gás natural, sendo essencial para sustentar as elevadas taxas de crescimento registradas (Pautasso & Oliveira, 2008; Delgado & Febraro, 2017). A Arábia Saudita é um dos países estratégicos para a China, sendo um dos maiores produtores de petróleo do mundo, tem sua economia fortemente dependente da exportação de hidrocarbonetos (Fulton, 2020). A riqueza advinda do petróleo possibilitou um rápido desenvolvimento econômico e uma modernização significativa para o Reino Saudita (El Mallakh, 2015). A economia da Arábia Saudita é marcada por altos níveis de renda per capita, concentração de renda e pela implementação de grandes projetos de infraestrutura financiados pelos recursos petrolíferos (Nurunnabi, 2017). As relações diplomáticas entre a China e a Arábia Saudita foram estabelecidas em julho de 1990, e desde então, os países se tornaram importantes parceiros econômicos (Al-Tamimi, 2012). Desde o início do século XXI, a Arábia Saudita começou a adotar uma estratégia de ""look east"" (olhar para o leste, em português), intensificando suas relações com países asiáticos, especialmente a China (Nurunnabi, 2017). Em resposta ao desgaste nas relações com o Ocidente, principalmente com os EUA, após os ataques do 11 de setembro de 2001 (Ottaway, 2008). Vale ressaltar que o reino saudita e o governo estadunidense ainda mantêm uma importante relação, no âmbito geopolítico, diplomático, militar e econômico. O objetivo deste trabalho é investigar o papel da Arábia Saudita como fornecedor de petróleo para a China, considerando o papel da Belt and Road Initiative e a importância estratégica do reino saudita no contexto global de fornecimento de recursos energéticos. Compreender essa dinâmica é crucial para avaliar a interdependência econômica entre esses dois países e suas implicações para a segurança energética e a geopolítica global. A metodologia é qualitativa e explicativa, utilizando-se de fontes primárias (documentos oficiais) e fontes secundárias (artigos científicos e notícias). A pesquisa será conduzida numa análise dos documentos oficiais, acordos bilaterais e revisão de literatura (livros e artigos) sobre a relação entre China e Arábia Saudita, com foco no mercado petrolífero, a partir da criação da One Belt, One Road em 2013. Também será realizada uma coleta de dados quantitativos sobre o fluxo de investimento e de comércio, com foco no mercado de petróleo entre os chineses e os sauditas.