Resumo
A China tornou-se, em 2015, o país que mais registra patentes por ano; em 2019, o que detém o maior número de patentes em vigor; em 2021, 36% das patentes em vigor no mundo eram chinesas. Ao longo da segunda década do século XXI, do total das exportações mundiais de bens de alta tecnologia, a China respondeu por algo entre um quinto e um sexto. Esses dados parecem subvalorizados tanto pela opinião pública quanto pela literatura sobre a política internacional. São comuns as notícias que apresentam as conquistas tecnológicas chineses de modo exuberante, a partir de um prisma superficial, aparentemente voltado para deslumbrar, em vez de estimular reflexão acerca de políticas de desenvolvimento a serem compreendidas e debatidas em países não-desenvolvidos. É notável o viés anti-China de proeminentes publicações acadêmicas que têm criticado as políticas supostamente agressivas de aquisição e desenvolvimento de tecnologias implementadas por Pequim, ou que têm desqualificado a inovação chinesa como pouco disruptiva ou marginal, ou que argumentam apenas que parte das exportações high-tech provém de empresas estrangeiras instaladas na China. Nada disso tem contribuído para a compreensão dos indícios de que a China já alcançou o grupo de países mais avançados tecnologicamente ou, em outras palavras, é plausível inferir dos dados um verdadeiro processo de catching up tecnológico. E isso permite afirmações mais amplas sobre o assunto, como a de que a China recuperou o elevado status de avanço tecnológico que por milênios ostentara antes do século de humilhação, iniciado em meados do século XIX. O que indica que a China tem passado por um catching up tecnológico? Há indícios de que o país liderará a próxima revolução tecnológica? Quais setores e categorias de produtos high-tech da China avançaram mais? Essas estão entre as questões norteadoras da pesquisa. A presente pesquisa exploratória consulta bases de dados que permitem comparar níveis de inovação tecnológica por país, área e tipo, tais como a WIPO, OECD e UNCTAD. Estudam-se dados sobre patentes, exportações e vantagens comparativas reveladas em setores de alta tecnologia. O objetivo é compreender, a partir de diferentes bases de dados e de perspectiva comparada, a ascensão tecnológica da China. Entre outras descobertas, destacam-se as evidências de que a China está no grupo mais inovador de países, incluindo Japão, Estados Unidos da América e a República da Coreia. As áreas de maior inovação indicadas por número de patentes foram tecnologia de computadores, comunicação digital e aparelhos de mensuração. Entre as mercadorias high-tech mais exportadas pela China, aquelas que apresentam as maiores vantagens comparativas reveladas foram equipamentos de telecomunicações, máquinas de processamento automático de dados, aparelhos televisivos e instrumentos ou aparelhos ópticos.

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