Resumo
Este trabalho tem como ponto de partida a existência de uma guerra de narrativas durante a pandemia da COVID-19, tendo a China como pivô. As diferentes versões acerca da doença na China desde a descoberta do novo coronavírus, em Wuhan, na virada de 2019 para 2020, e das medidas de combate adotadas pelo governo chinês até a reabertura total do país, no início de 2023, fomentam um debate que permite debulhar diversos temas no âmbito da Economia Política Mundial. A análise comparativa dessas narrativas na imprensa chinesa e brasileira até a declaração de fim da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 2023, revela que as várias formas de se contar a história são um sintoma dos novos contornos do confronto entre Estados Unidos e China desde o período e em diante. Tal raciocínio passa pela dicotomia entre capitalismo e socialismo, indo até o conflito Oriente versus Ocidente, entre outras camadas. A análise da gestão da crise de saúde pública global evidencia o sucesso do sistema político e do modelo econômico chinês e, ao mesmo tempo, o fracasso dos EUA na luta contra o coronavírus e, de maneira geral, do capitalismo financeirizado. Assim, buscou-se analisar como essas narrativas se inserem no conflito entre as duas maiores potências do planeta, tornando-se uma questão de Economia Política Mundial. A partir daí, elaborou-se uma interpretação que diz respeito a questões (geo)política e econômica, tendo como objetivo compreender como essa guerra discursiva reflete a realidade e como incide nela, iluminando dilemas reais e levado a uma reflexão acerca de qual é o impacto do êxito chinês na pandemia na atual disputa hegemônica sino-americana.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Seminário Pesquisar China Contemporânea