Resumo
A Índia tem respondido à transitoriedade da ordem internacional com a retomada de paradigmas criados durante a Guerra Fria e aprimorando sua política externa equidistante com sucesso. Enquanto a hegemonia estadunidense dá lugar a uma multipolaridade instável, a Ásia tornou-se centro de diversas disputas políticas, econômicas e militares entre as grandes potências. Em meio a esse contexto é que o governo de Narendra Modi, de orientação nacionalista-conservadora, retomou certas abordagens nehrunianas e busca preservar uma posição equidistante da Índia diante dos acirramentos internacionais. O presente artigo escrutina as rivalidades indianas com o Paquistão e a China, os dois maiores antagonistas do país, a partir de seus históricos e das respostas de Nova Déli aos desafios impostos por seus vizinhos. Ocupam papel central nesta análise o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC, sigla em inglês) e a Nova Rota da Seda (One Belt, One Road), sendo o primeiro componente da segunda. O enfoque nesses dois elementos geopolíticos revela o grau de cooperação sino-paquistanês e em que medida ela ocorre considerando o fator “Índia”, enquanto avalia a capacidade indiana de respondê-los à sua maneira. Se por um lado, o crescimento econômico do país permitiu uma atenuação do antagonismo com Islamabad, a ascensão chinesa tem pressionado por novas alternativas diplomáticas para lidar com as ações unilaterais de Pequim e aberto múltiplos espaços de competição através do Oceano Índico.

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