Resumo
Este trabalho visa analisar as principais características do sistema financeiro chinês entre 1978 e 2020, destacando seu papel relevante na promoção do desenvolvimento econômico do país observado durante esses anos. Mais especificamente, o objetivo é reconstruir a evolução institucional do sistema financeiro chinês, tanto mercado bancário como o mercado de capitais, bem como estabelecer os vínculos financeiros que permitiram a aceleração do investimento agregado que permitiram ao país manter altas taxas de crescimento econômico no período em análise. Nesta perspectiva, a análise proposta apoia-se na abordagem pós-keynesiana, que estabelece a precedência do investimento em relação à poupança agregada, sendo fundamental a adequação dos sistemas financeiros nacionais apto a disponibilizar financiamento para os gastos em investimento no montante e prazo adequados. A metodologia empregada para realização do presente trabalho consistiu na análise das informações e dados disponíveis sobre o sistema financeiro chinês assim como na revisão da bibliográfica selecionada pertinente ao tema examinado. Destaca-se a utilização dos dados oficiais do governo chinês sobre o mercado bancário e de capitais, assim como dados sobre as fontes de financiamento do investimento agregado. A pesquisa demonstra que o sistema financeiro chinês, sobretudo a partir dos bancos públicos, mostrou-se entre 1978 e 2020 capaz de sustentar a expansão de financiamento ao investimento e preservou a liquidez do sistema financeiro, compatibilizando patrimonialmente a estrutura de passivos e ativos do sistema financeiro, não o expondo a riscos que pudessem ocasionar a interrupção a trajetória de crescimento econômico observada no período em tela.
A extensão da intervenção, o volume de ativos sob o controle do Estado, a quantidade de instrumentos disponíveis que compreende a política monetária e bancos estatais, particularmente aos policy banks, tornaram o caso chinês um caso radical entre os sistemas financeiros baseados em bancos públicos, nos quais o Estado chinês à luz das diretrizes do seu planejamento econômico direcionou o crédito para os setores considerados prioritários. É também argumentado que em virtude do domínio estatal do setor bancário, o Estado chinês desde o início das Reformas Econômicas, em 1978, quando teve início o processo de abertura e privatizações, controlou completamente a liquidez tornando-a muito pouco suscetível a choques externos provocados pelas crises financeiras internacionais observadas a partir de então. Desta forma, o domínio estatal do sistema financeiro doméstico possibilitou entre 1978 e 2020 à China contornar o horizonte estritamente privado no setor financeiro, estendendo crédito para os segmentos que se mostraram importantes para sua exitosa estratégia de crescimento e de forma continuada, controlando uma massa de recursos que, a despeito das privatizações realizadas lhe assegurou capacidade de financiar adequadamente a expansão observada do investimento tanto do ponto de vista agregada como setorial.

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