Resumo
Nesse presente trabalho, visamos discutir o problema da crise estrutural do capital na China contemporânea e as consequências deste para o tema da planificação socialista, tema este que é objeto relevante dentro da China, à medida que esta se considera como uma economia socialista de mercado. Em nossa pesquisa, visamos articular uma possível inserção da China na análise feita por Robert Brenner em sua hipótese sobre a queda da taxa de lucro no capitalismo contemporâneo. Brenner enxerga o processo de crise do capitalismo contemporâneo como possuindo uma natureza de estagnação secular. A partir de uma análise das ondas longas de desenvolvimento capitalista, o autor considera que analisando o período após 1973, à luz de dados sobre a taxa média de lucros das principais economias do mundo, podemos identificar uma taxa de lucro estagnada que não sobe a patamares mais elevados do que nos anos anteriores ao advento da crise de 1973, levando a economia mundial a se comportar como se houvesse uma espécie de “jogo de soma zero”, em que o avanço de lucratividade de um setor, ou de um país, se daria às custas da lucratividade de outro setor ou de país. A conclusão de Brenner nos permite desdobrar certas análises sobre as consequências do planejamento como forma de induzir desenvolvimento econômico. Tal discussão não é ausente do próprio Brenner, à medida que o próprio elaborou tal posicionamento em sua formulação sobre o “capitalismo político”, que representaria o vínculo entre grandes empresas ligadas aos Estados, em um contexto de baixa lucratividade, e a sua visão de que as possibilidades de “planificação capitalista” para induzir crescimento tem certos limites no mundo contemporâneo ao criticar os planos de crescimento do governo Biden. Autores como Aaron Benanav e Jamie Merchant destacam de um lado a centralidade do planejamento – e as várias formas que este pode assumir – bem como tentam inserir uma possível explicação teórica para a natureza estagnada da crise que não aparece na obra de Brenner: o problema do giro da composição da força de trabalho para o setor de serviços. Partindo destes autores, visamos então inserir a China nas hipóteses de Brenner, enfatizando então alguns elementos: a desaceleração da economia chinesa, a mudança da estrutura da força de trabalho chinesa. A partir disso, também consideraremos as contribuições de Raniero Panzieri para o debate marxista sobre a planificação capitalistas e socialistas para compreender a natureza e limites do “socialismo de mercado” chinês, tendo em vista tal processo de estagnação secular do capitalismo global.

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