Resumo
Em 1894, Lênin sustentou que a dialética considera a evolução social como “processo de história natural do desenvolvimento das formações econômicas sociais”. Contra “os métodos idealistas e subjetivistas em sociologia”, ele enfatizou o encadeamento natural dos fenômenos históricos, submetido a leis independentes da vontade e da consciência do homem. Não obstante, em Que fazer? (1902), criticando o culto à espontaneidade das massas, ele retomou a tese de que o socialismo entra de fora para dentro na consciência dos operários. As questões filosóficas o mobilizavam intelectualmente quando interferiam na luta teórica do marxismo revolucionário. Em 1908, redigiu Materialismo e empiriocriticismo, enfrentando o renomado físico Ernst Mach, que considerava a natureza um complexo de sensações, retomando assim o idealismo subjetivo (redução da objetividade às condições do conhecimento humano). Discutimos, enfim, se e em que medida o estudo de Hegel de 1914 a 1916, anotado nos Cadernos filosóficos, afetou o pensamento de Lênin.
Referências
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