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Controvérsias acerca do uso de modelos plásticos auxiliares para a pintura: Michelangelo e os afrescos da sistina
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Palavras-chave

Modelos plásticos auxiliares
Literatura artística
Arte italiana
Século XVI

Como Citar

RAGAZZI, Alexandre. Controvérsias acerca do uso de modelos plásticos auxiliares para a pintura: Michelangelo e os afrescos da sistina. Encontro de História da Arte, Campinas, SP, n. 4, p. 939–945, 2008. DOI: 10.20396/eha.4.2008.4046. Disponível em: https://econtents.sbu.unicamp.br/eventos/index.php/eha/article/view/4046. Acesso em: 11 dez. 2025.

Resumo

Em 1550, na introdução às três artes do desenho, Giorgio Vasari assegurava que, no que se refere aos escorços, nenhum pintor poderia se igualar a Michelangelo, uma vez que esse artista, antes de pintar, tinha por hábito fazer as figuras em relevo para delas extrair os contornos, as luzes e as sombras. Por volta de 1568, Benvenuto Cellini, então intensamente envolvido com questões acerca do paragone entre a pintura e a escultura, dava crédito ao testemunho de Vasari e continuidade ao mito relativo aos procedimentos metodológicos empregados por Michelangelo. Em 1586, por sua vez, Giovanni Battista Armenini considerava esse fato como conhecido por todos, razão adicional para que ele recomendasse o uso de tais modelos para a pintura. Esse cenário de estabilidade, no entanto, foi rompido quando Giovan Paolo Lomazzo, em seu tratado de 1584, afirmou que Michelangelo jamais se valeu de tais acessórios para realizar suas pinturas. Com efeito, não parece haver razões para se colocar em dúvida os relatos de Vasari, Cellini e Armenini, e então se faz necessária uma reflexão para se compreender as motivações que orientavam Lomazzo naquele momento. O que se pretende com esta comunicação é demonstrar a possibilidade de o artista e teórico milanês ter articulado ao menos duas vertentes conceituas ao adotar tal posicionamento: de um lado tratava-se ainda de uma tardia reação ao paragone, de outro surgia a crença de que a pintura, para valorizar-se e fazer jus à sua posição de arte liberal, não podia recorrer a procedimentos mecânicos e desprovidos de ciência como efetivamente eram os modelos plásticos auxiliares.

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Referências

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