Marie de Gournay e a Querelle des Femmes

Resumo

A pesquisa propões o estudo da relação de Marie de Gournay com a querelle des femmes, a partir da análise do tratado Egalité des hommes et des femmes, escrito por Gournay e publicado pela primeira vez em 1622. A análise, de natureza histórica, parte de um paradigma contextualista, ou seja, que entende a fonte como inserida em um universo linguístico maior. A hipótese em que a investigação se baseia é que Gournay teria desenvolvido, no contexto da querelle des femmes – conceito contemporâneo usado para determinar um debate que abrigou, durante os séculos XV e XVII, duas posições opostas sobre a condição feminina e o lugar da mulher na sociedade – uma obra original a partir da leitura criativa que fez de autores envolvidos no debate e de textos integrantes das tradições clássica e cristã. Essa leitura, conquanto delimitada pelas possibilidades retóricas próprias daquele contexto (que condicionavam a própria noção de “originalidade”), não teria se esgotado na mera repetição de argumentos consagrados (Como aqueles apresentados por Boccaccio ou Agrippa); ao contrário, respondeu a questões levantadas em seu próprio momento, inserindo-se vigorosamente no ambiente erudito da primeira metade do século XVII. Assim, procuramos compreender a especificidade do pensamento de Gournay nos termos dos problemas colocados em seu contexto, e não a partir valorações anacrônicas.