Resumo
O debate em torno do estatuto científico do marxismo permanece vivo. Desde que Engels se propôs a sistematizar, difundir e desenvolver o legado de Marx, a relação entre o materialismo histórico e a produção de conhecimento científico tem alimentado inúmeras controvérsias, seja entre marxistas e seus detratores, seja entre as diversas perspectivas teóricas que compõem a linhagem do socialismo científico. A contenda com a ciência positivista – que persiste na mesma medida em que os antimarxistas proclamam a morte da teoria materialista – é previsível. O clássico panfleto escrito por Lenin acerca das três fontes constitutivas do marxismo adverte, logo de saída, que o materialismo histórico desperta hostilidade e repulsa por parte de toda a ciência burguesa, que o acusa de “visão de mundo”, justamente porque ele desvela e combate as condições materiais que fundamentam a suposta imparcialidade do campo científico. Entretanto, mesmo no interior do marxismo, diferentes correntes teóricas oferecem respostas distintas e divergentes para a cientificidade da teoria marxista. Há tradições que falam em filosofia da práxis, em crítica da sociedade capitalista, em ciência da sociedade ou mesmo em verdadeira consciência da classe operária. O tema é polêmico, mas há quem caminhe com habilidade, competência e propriedade neste terreno escorregadio. Este é o caso de Michael Burawoy (1947-2025), sociólogo marxista e professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, durante 47 anos.
Referências
BURAWOY, M. Marxismo sociológico: quatro países, quatro décadas, quatro grandes transformações e uma tradição crítica. São Paulo: Editora Alameda, 2014.

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