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DOSSIÊ ANÁLISES MARXISTAS SOBRE A CHINA: A TRANSIÇÃO NO CENTRO DO DEBATE

DOSSIÊ ANÁLISES MARXISTAS SOBRE A CHINA: A TRANSIÇÃO NO CENTRO DO DEBATE

A China ocupa, nas últimas décadas, um lugar central nas produções contemporâneas das Ciências Humanas e Sociais. As múltiplas interpretações sobre as profundas transformações que marcaram sua trajetória têm resultado em disputas teóricas em torno da caracterização das dinâmicas socioeconômicas e sociopolíticas chinesas, em nível doméstico e em nível internacional.

Nesse contexto, destaca-se também a crescente centralidade da China nas relações com os países da América Latina e do Caribe. As relações sino-latino-americanas e sino-brasileiras configuram um objeto de pesquisa recorrente tanto nas produções recentes da região quanto nas produções nacionais, refletindo distintas abordagens e divergências interpretativas.

Tais disputas não ocorrem apenas entre autores e pesquisadores que partem de perspectivas teóricas divergentes, mas também é observada entre autores que reivindicam a mesma tradição teórica. Neste contexto, as análises marxistas sobre a China não estão isentas de polêmicas e discordâncias, especialmente porque o marxismo é composto por uma diversidade de correntes teóricas.

Levando em consideração a pluralidade de interpretações marxistas acerca de temáticas que versam sobre ou circunscrevem temas referentes à China, reconhecemos a necessidade de gestar espaços para a publicização de pesquisas e ideias sobre a China e suas especificidades que foram desenvolvidas a partir de perspectivas marxistas.

Nesse sentido, é com muita satisfação que a Revista Cadernos Cemarx lança a chamada para o Dossiê “Análises Marxistas sobre a China: a transição no centro do debate”, que visa abarcar pesquisas que abordam diferentes aspectos históricos, econômicos, culturais, políticos e sociais da China moderna e sua inserção internacional no mundo contemporâneo a partir do referencial teórico marxista. Para isso, convidamos professores, pesquisadores de pós- graduação, militantes partidários, de movimentos sociais ou ativistas a submeterem artigos sobre a China ou sobre fenômenos que a envolvem; resenhas de livros; entrevistas e traduções de textos estrangeiros que tangenciam os temas abordados pelo dossiê. A data limite para o envio de propostas é 30 de Setembro de 2026 (30/09/2026).

Espera-se que os artigos enviados enquadrem-se nos seguintes eixos temáticos:

1. O marxismo chinês e sua influência no globo: especificidades e circulação

O pensamento marxista na China possui diversas especificidades em relação ao desenvolvido no chamado mundo ocidental e em outras regiões orientais. Do maoismo ao “socialismo com características chinesas”, o pensamento marxista chinês contribuiu e influenciou diversos autores, líderes políticos e ativistas, colaborando para a formação e para a prática de diferentes movimentos políticos fora da China. Nesse sentido, espera-se receber propostas que discorram acerca do pensamento marxista chinês e suas especificidades; sobre a circulação, recepção e influência das obras marxistas na América Latina, na África e na Ásia; e sobre interpretações e releituras de líderes políticos e/ou autores marxistas sobre o
pensamento marxista chinês.

2. Estado, Política e Sociedade no Período Maoista (1949-1978)

As primeiras décadas após a vitória do Partido Comunista Chinês (PCCh) sobre o Kuomintang na Revolução Chinesa, e a consequente gestação da República Popular da China, foram marcadas pelo domínio de Mao Zedong e de seus seguidores sobre o Partido e sobre o Estado chinês. O predomínio partidário e estatal dos maoistas foi responsável por causar diversas transformações no aparelho estatal, nas dinâmicas socioeconômicas, na cultura e nas Relações Internacionais da China. Nesse sentido, o presente eixo espera reunir pesquisas que, a partir do ponto de vista marxista, versem sobre o período maoista e as transformações culturais, políticas e econômicas observadas de 1949 a 1978.

3. O período reformista (pós-1978): história, economia, política e sociedade

O período reformista demarca uma série de inflexões na política, na sociedade, no Partido e na ideologia do PCCh. A ascensão de Deng Xiaoping e dos partidários reformistas ao comando do PCCh e do Estado chinês, em conjunto com a introdução das Quatro Modernizações, foram responsáveis por causar reestruturações no aparelho estatal; por modificar radicalmente as relações existente entre Estado e Sociedade Civil e por gestar novas relações socioeconômicas, qualitativamente diferentes das existentes no período maoista. No presente eixo espera-se receber propostas que versem sobre as transformações
promovidas pelos reformistas e por suas reformas nos âmbitos sociais, econômicos, políticos, burocráticos e nas Relações Internacionais da China no período pós-maoista.

4. Trabalho, Capital e Estado na China contemporânea

As relações existentes entre Capital, Estado e Trabalho na China contemporânea são fontes de diversos debates na academia e na sociedade. O presente eixo tem por objetivo receber trabalhos que versem sobre as características e especificidades da luta de classes na China contemporânea e suas diversas manifestações: na organização dos trabalhadores; nas demandas dos diferentes setores da classe trabalhadora; na condições de vida e trabalho dos trabalhadores migrantes; no papel da classe média chinesa; etc. Neste eixo, também espera-se reunir pesquisas que versem sobre o papel do Estado chinês frente a luta de classes entre capitalistas e trabalhadores, buscando contribuições em temas como: o papel do Estado na regulação/desregulação do trabalho; proteção trabalhista; legislações pró-capital; relações entre protestos e organizações trabalhistas com o Estado; a relação entre capitalistas e o Estado; a presença e a influência dos capitalistas no PCCh; etc..

5. Nacionalismo e Marxismo na China

Nacionalismo e marxismo estão imbricados no pensamento de diferentes líderes chineses, como Mao Zedong e Xi Jinping. Tal imbricação possui reflexos diretos para a política doméstica e internacional da China, sendo importante para se compreender diferentes dinâmicas sociopolíticas. Neste eixo busca-se reunir trabalhos que discorram sobre as relações entre nacionalismo e marxismo no pensamento de líderes chineses e sobre as consequências da imbricação desses dois elementos nas políticas domésticas e internacionais da China.

6. As Relações Internacionais da China a partir de perspectivas marxistas

Desde a vitória dos comunistas na revolução chinesa e o posterior processo de desenvolvimento ocorrido na China, as formas e as características da inserção internacional do país na ordem econômica global e no Sistema Internacional se modificaram radicalmente. No presente eixo busca-se pesquisas que se debrucem sobre as diferentes especificidades das relações internacionais da China com diferentes atores na economia global e no Sistema Internacional, a partir de perspectivas marxistas. Espera-se receber pesquisas que versem sobre: as relações político-econômicas entre China e África ou entre China e América Latina; as diferentes interfaces e interconexões das relações entre a China e os Estados Unidos; as concepções políticas internacionais dos líderes chineses; ou perspectivas históricas das Relações Internacionais do país, como por exemplo textos que pensem as relações entre China e União Soviética.