Resumo
Este artigo traz aspectos de narrativas construídas por mulheres negras do rap no Brasil para desafiar o racismo genderizado. O rap é o gênero musical integrante do hip-hop, um movimento cultural de matriz afrodiaspórica. Tal delimitação temática tem como objetivo contribuir para o debate a respeito da produção musical de artistas negras do hip-hop, principalmente das rappers e das DJs. Para essa contribuição, destaca-se a intersecção entre cor/raça, gênero e classe social existente no rap negro feminino brasileiro e tematizada pelas artistas negras desse gênero musical. Sendo assim, este texto demarca análises, principalmente, de narrativas das cantoras negras do rap, tendo em vista a perspectiva analítica da interseccionalidade presente na teoria dos feminismos negros. Essas análises derivam de uma pesquisa que se vale de resultados metodológicos oriundos de análises teóricas e trabalho de campo, concretizado na cidade de Maringá-PR e Sarandi-PR. Tais pesquisas empírica e teórica trazem reflexões e revelações sobre as cantoras que, em suas composições, lançam críticas contra opressões sociais articuladas pelos donos do poder hegemônico e, além disso, criam definições e imagens negras femininas a partir de seus saberes ancestrais negros. Isso nos permite situar essas artistas como agentes em uma atuação coletiva feminina, negra e periférica.
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