Resumo
Se, no século XIX, o retrato era a principal aplicação da fotografia, sua realização não estava isenta de uma vontade de contribuir com a ideia de uma nação brasileira civilizada se valendo de uma construção a partir de elementos simbólicos. Assim, não é possível deixar de observar que, ao pressuposto de testemunho fiel, soma-se uma série de ambiguidades. O realismo ganharia tom ficcional pelo modo como os estúdios fotográficos atuariam tentando aliar a ideia de um país que se pretendia civilizado a uma tradição europeia. O que então estava em voga não era a representação do nacional stricto sensu, mas sim o empenho em fazer desse nacional um elemento alegórico.
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