Resumo
Este artigo analisa a participação de estudantes negros na União Nacional dos Estudantes (UNE), dando destaque às interações que eles desenvolveram com partidos políticos, coletivos estudantis e organizações do movimento negro, no período compreendido entre 1995 e 2019. Dessa forma, este artigo busca compreender a relação que tais estudantes têm com a ideia de “autonomia” junto aos partidos políticos, bem como busca entender a complexa rede de relações que eles estabelecem com diferentes organizações do movimento negro e coletivos estudantis universitários. A justificativa da escolha do escopo temporal se assenta no fato da primeira eleição de um presidente negro para a UNE ter ocorrido em 1995, com a vitória de Orlando Silva; e na realização presencial do último Encontro de Negros, Negras e Cotistas dessa entidade em 2019. O marco teórico empregado sustenta-se, sobretudo, nas teorias dos movimentos sociais, especialmente em referências bibliográficas que trabalham com a análise de redes sociais e a interação entre partidos e movimentos. A metodologia empregada é qualitativa, na medida em que são analisados documentos e entrevistas semiestruturadas.
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