O gesto facão de Tuíre, visibilidade e gênero entre as mulheres mẽbêngôkre

Resumo

A capa de 11 de março de 1989 da revista Manchete estampava Tuíre Kayapó com facão em punho, anunciando "índios vão a guerra". No imaginário coletivo, pouca coisa preenche o que antecede e o que vem posteriormente a esta cena. O objetivo deste artigo é reativar (Stengers, 2012), recontar, retomar e reelaborar o gesto do facão com atenção para o que antecede e para o que vem depois, tomando as narrativas de meios de comunicação de massa para pensar com Tuíre e seu gesto outras estórias paralelas e simultâneas à imagem da mulher indígena com seu facão no rosto de um não-indígena, José Antônio Muniz Lopes, Diretor de Infraestrutura da Eletronorte. Como Silvia Cusicanqui nos inspira a pensar: "as imagens são a forma alegórica de compreender uma sociedade de silêncios e meias-verdades" (2016). Belo Monte foi adiada, mas não impedida. Reativar imagens torna-se urgente. Este é um artigo em homenagem à luta e à vida de Tuíre Kayapó, que ancestralizou em agosto de 2024, mas segue viva nos gestos desta e das próximas gerações.