Resumo
Neste artigo, são apresentadas características de como vêm se desenhando o ativismo bissexual e a produção acadêmica no contexto brasileiro, principalmente de pessoas jovens, a partir da Frente Bissexual Brasileira (FBB) e do Grupo Amazônida de Estudos sobre Bissexualidade (GAEBI), que se transformou na Rede Brasileira de Estudos sobre Bissexualidade e Monodissidência (REBIM). Tendo minha pesquisa de dissertação como base, trato sobre as contribuições do ativismo e da academia, que conjugam objetivos de sujeitos bissexuais engajados em uma luta por visibilidade. Grande parte da pesquisa foi realizada no contexto de pandemia de Covid-19 e consistiu em uma etnografia, com observação participante e entrevistas a partir das mídias digitais. Convivi com sujeitos e grupos que criam ambientes de visibilidades bissexuais, na construção coletiva do ativismo e da produção acadêmica em torno da identidade bissexual em um sentido político. A integração de sujeitos, o acolhimento e a produção e circulação de dados são reivindicações centrais em um campo de direitos e reconhecimento LGBTQIAP+ em constante movimento. Nesse sentido, ativismo e academia se influenciam e têm objetivos semelhantes na medida que são criados nas (e a partir das) mídias digitais, ambientes que possibilitam a existência do que pode ser chamado de rede de visibilidades bissexuais no Brasil.
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