Banner Portal
Ovídio e o Epos : uma reavaliação do pertencimento genérico das Metamorfoses
PDF

Palavras-chave

Metamorfoses
Ovídio
Épica
Gêneros poéticos

Como Citar

SPALIC, Clara. Ovídio e o Epos : uma reavaliação do pertencimento genérico das Metamorfoses . Phaos: Revista de Estudos Clássicos, Campinas, SP, v. 24, n. 00, p. e024006, 2024. DOI: 10.20396/phaos.v24i00.19997. Disponível em: https://econtents.sbu.unicamp.br/inpec/index.php/phaos/article/view/19997. Acesso em: 23 out. 2025.

Resumo

Apesar da presença das Metamorfoses de Ovídio no cânone de épicos latinos de Quintiliano (Inst. 10.1.88), por exemplo, a tendência imperante na crítica contemporânea parece ser a de considerá-las um poema sui generis, isto é, inclassificável quanto ao gênero poético a que pertence. O artigo parte das reflexões e testemunhos trazidos por Oliva Neto (2013, p. 41-76) relativamente a um conceito de epos mais abrangente do que o aristotélico, que encamparia também os poemas classificados sob a categoria de “didáticos”. Proponho, então, uma reavaliação do pertencimento das Metamorfoses ao gênero épico, postulando a hipótese de que, não obstante a presença da poikilía nos hexâmetros ovidianos, o poema é essencialmente um híbrido de diferentes espécies e subespécies épicas, portanto, apesar de inovador, essencialmente épico. A hipótese é testada em uma breve análise do episódio de Galateia e Polifemo (Met. 13.738-897), case study que Farrell (1992) utiliza para fundamentar sua leitura das Metamorfoses como “poema polifônico”. No episódio em questão, além da mistura entre o epos bucólico e o guerreiro, argumento ser possível perceber, através de alusões tanto às Éclogas como à Eneida, uma oppositio in imitando à obra virgiliana como um todo.

PDF

Referências

BARCHIESI, Alessandro. (ed.) Ovidio. Metamorfosi. Volume I. Libri I-II. Milão: Fondazione Lorenzo Valla, 2005.

BARCHIESI, Alessandro. Music for monsters: Ovid’s Metamorphoses, bucolic evolution, and bucolic criticism. In: FANTUZZI, Marco; PAPANGHELIS, Theodore. (ed.) Brill’s companion to Greek and Latin pastoral. Leiden/Boston: Brill, 2006, p. 403-25.

BASSETO, Bruno Fregni (trad.) Quintiliano. Instituição Oratória. Tomo IV. Campinas: Editora da Unicamp, 2016.

BAUMBACH, Manuel.; BÄR, Silvio. (ed.) Brill’s companion to Greek and Latin epyllion and its reception. Leiden/Boston: Brill, 2012.

BRINK, Charles Oscar. Horace on Poetry. Prolegomena to the Literary Epistles. Nova Iorque: Cambridge University Press, 1963.

BRINK, Charles Oscar. Horace on Poetry. The ‘Ars Poetica’. Nova Iorque: Cambridge University Press, 1971.

CLAUSEN, Wendell. A Commentary on Virgil, Eclogues. Nova Iorque: Oxford Univerity Press, 1994.

CUCCHIARELLI, Andrea. A Commentary on Virgil’s Eclogues. Nova Iorque: Oxford University Press, 2023.

DE VECCHI, Lorenzo. (ed.) Orazio. Satire. Roma: Carocci, 2013.

DU QUESNAY, Ian Mark Le Mercier. From Polyphemus to Corydon: Virgil, Eclogue 2 and the Idylls of Theocritus. In: WEST, David; WOODMAN, Tony. (ed.) Creative imitation and Latin literature. Cambridge: Cambridge University Press, 1979, p. 35-69.

FARRELL, Joseph. Dialogue of genres in Ovid’s “Lovesong of Polyphemus” (Metamorphoses 13.719-879). The American Journal of Philology, v. 113, n. 2, p. 235-268, 1992.

FARRELL, Joseph. Precincts of Venus. Towards a prehistory of Ovidian genre. Hermathena, n. 177/178, p. 27-69, 2005.

FONSECA, Christine Margareth Whiting da. O mito de Ceix nas Metamorfoses 11, e o epos ovidiano. 2016. 222 p. Dissertação (Mestrado em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

FRAENKEL, Eduard. Horace. Oxford: Oxford University Press, 1957.

GALASSO, Luigi. (ed.) Ovidio. Le Metamorfosi. Torino: Einaudi, 2000.

GLARE, Peter Geoffrey William. Oxford Latin Dictionary: Oxford: Oxford University Press, 1985.

GOWERS, Emily. (ed.) Horace. Satires. Book I. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2012.

HARDIE, Philip. The epic successors of Virgil: a study in the dynamics of a tradition. Cambridge: Cambridge University Press, 1993.

HARDIE, Philip. The Speech of Pythagoras in Ovid Metamorphoses 15. Empedoclean epos. The Classical Quarterly, v. 45, n. 1, p. 204-214, 1995.

HARDIE, Philip. The Historian in Ovid. The Roman history of Metamorphoses 14-15. In: LEVENE, David Samuel; NELIS, Damien Patrick. (ed.) Clio and the poets. Augustan poetry and the tradition of ancient historiography. Leiden: Brill, 2002, p. 191-209.

HARDIE, Philip (ed.) Ovidio. Metamorfosi. Volume VI. Libri XIII-XV. Milão: Fondazione Lorenzo Valla, 2015.

HASEGAWA, Alexandre Pinheiro. “Parirão os montes, nascerá um ridículo rato” ou um pouco sobre a Arte Poética de Horácio. Estado da Arte, 2019a. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/literatura/parirao-os-montes-nascera-um-ridiculo-rato-ou-um-pouco-sobre-a-arte-poetica-de-horacio/. Acesso em: 10 jul. 2024.

HASEGAWA, Alexandre Pinheiro. A arte de ensinar a arte em Horácio. Estado da Arte, 2019b. Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/literatura/a-arte-de-ensinar-a-arte-em-horacio/. Acesso em: 3 maio 2024.

HINDS, Stephen. The Metamorphosis of Persephone. Ovid and the self-conscious muse. Nova Iorque: Cambridge University Press, 1987.

HORSFALL, Nicholas. Virgil, Aeneid 3. A Commentary. Leiden: Brill, 2006.

HUNTER, Richard. The Shadow of Callimachus. Studies in the reception of Hellenistic poetry at Rome. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2006.

KNOX, Peter. Ovid’s Metamorphoses and the traditions of Augustan poetry. Cambridge: Cambridge Philological Society, 1986.

LABATE, Mario. Passato remote. Età mitiche e identità augustea in Ovidio. Pisa: Fabrizio Serra editore, 2010.

MICHALOPOULOS, Andreas. Ancient etymologies in Ovid’s Metamorphoses. A Commented lexicon. Leeds: Francis Cairns, 2001.

NOGUEIRA, Érico. Verdade, contenda e poesia nos Idílios de Teócrito. São Paulo: Humanitas, 2012.

NUNES, Carlos Alberto (trad.) Ilíada. Homero. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

OLIVA NETO, João Angelo. Dos Gêneros da Poesia Antiga e sua Tradução em Português. 2013. 271 p. Tese (Livre-Docência em Letras Clássicas) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

SHARROCK, Alison. Ovid’s Metamorphoses. The Naughty boy of the Graeco-Roman epic tradition. In: REITZ, Christiane; FINKMANN, Simone. (ed.) Structures of epic poetry. Volume I: Foundations. Berlim/Boston: Walter de Gruyter, 2019, p. 275-316.

SOUSA, Eudoro de. (trad.) Aristóteles. Poética. [s.l.]: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1986.

TAMÁS, Ábel. Reading Ovid reading Horace. The Empedoclean drive in the Ars poetica. Materiali e discussioni per l’analisi dei testi classici, n. 72, p. 173-192, 2014.

THORSEN, Thea Selliaas. (ed.) The Cambridge companion to love elegy. Nova Iorque: Cambridge University Press, 2013.

TISSOL, Garth. The Face of nature. Wit, narrative, and cosmic origins in Ovid’s Metamorphoses. Princeton: Princeton University Press, 1997.

VOLK, Katharina. The Poetics of Latin didactic: Lucretius, Vergil, Ovid, Manilius. Oxford: Oxford University Press, 2002.

WHEELER, Stephen Michael. Ovid’s Metamorphoses and Universal History. In: LEVENE, David Samuel; NELIS, Damien Patrick. (ed.) Clio and the poets. Augustan poetry and the tradition of ancient historiography. Leiden: Brill, 2002, p. 163-190.

ZIOGAS, Ioannis. Ovid as a Hesiodic poet. Atalanta in the Catalogue of Women (fr. 72-6 M-W) and the Metamorphoses (10.560-707). Mnemosyne, v. 64, n. 2, p. 249-270, 2011.

ZIOGAS, Ioannis. Ovid’s Hesiodic Voices. In: LONEY, Alexander Carl; SCULLY, Stephen. (ed.) The Oxford handbook of Hesiod. Nova Iorque: Oxford University Press, 2018, p. 377-393.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Phaos: Revista de Estudos Clássicos

Downloads

Download data is not yet available.